14 outubro, 2010

Outubro: mês de ir a pé para a escola

Movimento internacional procura promover a caminhada como meio de transporte entre casa e escola. As vantagens para as crianças são inúmeras. Ao metê-las no carro, estamos a roubar-lhes saúde e oportunidades de crescimento.

Outubro foi proposto pela Alliance for a Healthier Generation, uma instituição americana sem fins lucrativos, como o Mês Internacional de Ir a pé para a escola. A Pé para a Escola (iwalk) é um movimento internacional que, em Outubro de 2009, juntou 40 países em iniciativas que assinalarm a importância de uma atitude tão simples como ir a pé para a escola. Os objectivos do projecto passam pelo combate à obesidade infantil e promover a actividade física, mas claro que os benefícios são bem mais abrangentes. Aprender a viver a rua e o espaço urbano é um deles. As crianças que são constantemente conduzidas de carro nas suas deslocações não estão só a perder uma oportunidade de praticar uma actividade física saudável. Estão também a perder a oportunidade de desenvolver importantes capacidades cognitivas e sociais, relacionadas com a percepção do espaço público e com a autonomia. Vários estudos têm demonstrado que as alterações no quotidiano das crianças, relativamente a gerações anteriores, têm trazido consequências negativas para o seu desenvolvimento. Poderem ser independentes no espaço público e auto-suficientes em termos de mobilidade é, segundo os especialistas, determinante para a saúde psíquica e para o desenvolvimento psico- social.
Claro que é preciso garantir que o percurso a pé para a escola é seguro, adequado a peões, com passadeiras bem assinaladas. Organizar grupos na vizinhança ou um pedibus (ver caixa) é o ideal para que a experiência seja mais segura e compensadora.
Ou então os pais podem acompanhar os filhos e aproveitar para conversar e ensinar / aprender regras de civismo e segurança. Enquanto dão o exemplo.
Deixar o carro contribui ainda para um melhor ambiente no bairro, menos congestionamento à porta das escola, menos carros mal estacionados. Ir de bicicleta é outra hipótese possível em alguns bairros.
A Pé para a Escola, em Loures e no Barreiro
Em Portugal, o projecto de mobilidade sustentável «A Pé para a Escola» tem os mesmos objectivos. Coordenado pelo CESNOVA (Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa) e financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, através do Programa Gulbenkian Ambiente, está a iniciar-se nos municípios do Barreiro e Loures. Desencorajar o uso de carro, com todos os problemas associados, e replicar depois as estratégias adoptadas para outras comunidades é o que se pretende.

O projecto destina-se a crianças do 1º ciclo do ensino básico que, participando nele, ganharão:

  • maior autonomia





  • capacidade de orientação no espaço público





  • noções importantes de segurança rodoviária e cidadania





  • respeito pelo espaço público





  • noções importantes de sustentabilidade e saúde.




  • Esta iniciativa está a ser posta em prática em seis escolas do primeiro ciclo dos concelhos de Loures e do Barreiro.

    43 por cento das crianças que vão de carro moram a menos de um quilómetro
    Segundo dados do CESNOVA, apresentados em Setembro, depois de um inquérito realizado junto de pais e alunos das três escolas do concelho de Loures envolvidas, 56,4 por cento de encarregados de educação utilizam o automóvel para levar as crianças de casa para a escola. Isto apesar de grande parte deles morar a menos de 1000 metros da escola. De referir ainda que 25 por cento dos que usam o carro moram entre 500 a 1000 metros, e 17,9 por cento a menos de 500 metros. 74,4 por cento das crianças dizem preferir deslocar-se a pé. Para 53,7 por cento são necessários apenas 10 minutos para chegar à escola. Portugueses preguiçosos
    O Pedibus, uma das iniciativas a ser posta em prática pelo projecto A Pé para a Escola, já foi experimentada noutros municípios, mas sem grande sucesso. Em Lisboa já houve Pedibus nos bairros de Alvalade e Campo de Ourique. Um projecto experimental da Câmara, que não lhe deu seguimento. Neste momento restam as paragens.
    Em Vila Franca de Xira, a junta de Freguesia tentou, neste ano lectivo, iniciar um pedibus. Conseguiu patrocínios, estabeleceu percursos e horários e garantiu condições de segurança. Mas por falta de inscrições o projecto teve de ser travado antes mesmo de arrancar. «Por falta de adesão e disponibilidade dos pais, a iniciativa acabou por ser cancelada», pode ler-se no site da junta de freguesia.
     

    Fonte: IOL Mãe

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