09 abril, 2012

Gatinhar ou não gatinhar?

A partir dos sete ou oito meses, espera-se que o bebé comece a gatinhar. Ou não. Ao contrário de outras etapas do desenvolvimento (segurar a cabeça, sentar, andar…), gatinhar não é pré-requisito para um crescimento saudável e uma vida cheia de pulos e correria. Muitas crianças não passam pela fase quadrúpede e, assim que se apanham com força e vontade, passam do estar sentadas ao andar. Porque é que uns bebés gatinham e outros não? Há várias teorias. Porque se passou a deitar o bebé sempre de barriga para cima (para evitar a morte súbita); porque, cada vez mais, se põe o bebé em cadeirinhas, espreguiçadeiras e afins, em vez de o pôr no chão; porque somos todos diferentes. Também há quem não concorde com nada disto e afirme que gatinhar é uma «invenção recente». Na revista Scientifi c American, edição de Julho de 2009, o antropólogo David Tracer defende que gatinhar é um «comportamento adaptativo».
Tracer chegou a esta conclusão depois de um estudo com mães e bebés de uma tribo da Papua Nova Guiné. Aqui os bebés passavam 86 por cento ao colo das mães (com panos ou slings) e era raro aquele que aprendia a gatinhar. Com um ano, eram postos no chão e a ordem era para andar. Tracer acredita que os nossos antepassados procederiam da mesma forma e, por isso, os bebés não gatinhavam. No mesmo artigo, cita-se um estudo com crianças do Bangladesh para demonstrar que andar de gatas aumenta significativamente o risco de diarreia, uma vez que ficam mais expostas a germes, vírus e bactérias. Assim, colocar os bebés no chão – e gatinhar – seria algo relativamente recente, de quando a higiene começou a ganhar mais importância. Explicações antropológicas à parte, é unânime que andar de gatas não atrasa nem adianta o desenvolvimento da criança. Embora seja sempre divertido perceber qual o estilo que escolheu: clássico (mãos e joelhos no chão), à comando (com os antebraços a puxar o resto do corpo), à caranguejo (para trás), ou outro. Entre os que não gatinham, muitos também encontram formas cómicas de se deslocarem: sentados e aos pulos com o rabo ou sentados e levantando o rabo com uma mão. O importante é sair (ou tentar, pelo menos) do lugar.

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