27 abril, 2010

As avós não têm sempre razão!

Devemos dar ouvidos à sua experiência, mas vale a pena saber que, por vezes, também dão conselhos que não têm fundamento. Conheça os mitos mais usuais.

O teu leite deve ser fraco, o bebé não pára de chorar

Está provado que leite materno fraco é uma coisa que não existe. O leite da mãe é o mais adequado para o crescimento do bebé é vai-se adaptando às suas necessidades. Até quando o bebé está doente, o leite muda a sua constituição para ajudar na recuperação. Todas as mães podem amamentar, salvo muito raras excepções, e o seu leite é, sem dúvida, o melhor para o seu bebé. O que acontece é que a geração das avós actuais é a geração das mulheres que não deram de mamar. A sua experiência de amamentação é muito reduzida ou mesmo nula. Elas alimentaram os seus filhos com leite em pó. Assim sendo, têm a ideia de que essa é a melhor maneira de alimentar um bebé.
Está provado cientificamente que o leite materno deve constituir a alimentação exclusiva do bebé até aos seis meses. Esse é o melhor alimento que as mães podem oferecer-lhe. Quanto ao choro, se for provocado por fome ou sede, passará depois de mamar. Também pode ser sinal de cólicas, de tensão, de fralda suja, de necessidade de contacto. Mas nunca de leite fraco.
Há bebés que mamam com muita frequência. Isso não quer dizer que o leite não seja bom. É esse o seu ritmo, simplesmente.
Também o facto de o aumento de peso estar abaixo da média não quer dizer que a culpa seja do leite da mãe. Provavelmente a criança tem estatura pequena e será sempre assim.

O menino comeu pouco, insiste mais um bocadinho
Não é preciso insistir para que as crianças comam. Elas devem usar o seu mecanismo de regulação de apetite para decidir quando é suficiente aquilo que comeram. Se os adultos começam a inisitir para que comam mais, o momento das refeições pode tornar-se um momento de tensão. As crianças percebem que essa é uma questão em que podem exercer o seu poder. E fazem-no. Ou seja, a alimentação deixa de ser um prazer e uma descoberta para ser uma oportunidade de medir forças.
Além disso, o facto de a criança acabar por comer mais do que realmente precisava, como acontece tantas vezes, ao conseguir-se que abra a boca mais duas ou três vezes depois de ter mostrado sinais de estar saciada, não prova que realmente ainda tinha fome. Cabe sempre mais um pouco, mas ir distendo o estômago mais do que o necessário altera o mecanismo de regulação da saciedade e progressivamente vai sendo preciso mais comida para que a criança se sinta satisfeita. O que não quer dizer que o seu organismo precisasse efectivamente desse extra. Esta é uma situação que contribui para o desenvolvimento de excesso de peso e obesidade.
Por isso, não insista e não deixe que a avó o faça. Explique que um bebé sabe muito bem o que precisa e que nenhuma criança com uma casa cheia de comida ficou algum dia subnutrida. 
 
Não estejas tão perto da televisão, estragas a vista!
Esta é uma repreensão que já todos ouvimos e, provavelmente, já todos veiculámos. No entanto, já não tem qualquer razão de ser. Na verdade, essa ideia vem dos primórdios da televisão, quando nos anos 50 os primeiros aparelho emitiam altos níveis de radiação. Hoje estamos muito longe desse cenário: as televisões têm protecções mais eficazes e usam uma voltagem muito menor pelo que a radiação é mínima. Ou seja, não prejudica a visão estar perto do aparelho a assistir ao programa preferido. Estar muito perto pode, isso sim, gerar dores de cabeça devido a alguma tensão ocular. Mas isso é uma situação passageira, não contribui para «dar cabo da vista».
Para evitar a tensão ocular, mantenha alguma luz na sala e procure que a criança tire os olhos do écran de vez em quando.
Se a criança se coloca constantemente muito perto do écrã pode ter algum problema de visão, como miopia. Mas não foi seguramente causado pelo aparelho. Nesse caso, procure um especialista.

Veste um casaco e põe o gorro, senão vais constipar-te

O facto de algumas pessoas espirrarem, ficarem com corrimento nasal ou tossirem, quando expostas repentinamente ao frio (uma reacção alérgica passageira ao frio) pode ter levado gerações passadas a tomarem as baixas temperaturas como potenciais causadoras de doenças. Isso e o facto de as gripes e constipações atacarem sobretudo durante os meses mais frios do ano.
No entanto, essa associação não tem qualquer fundamento. Vários estudos mostraram que apanhar frio e chuva não aumenta a incidência de doenças. Pelo contrário, o facto de se ficar em ambientes muito fechados, apesar de quentinhos, aumenta a probabilidade de se se ser atacado por vírus e bactérias que causam infecções respiratórias. Essa é de resto a explicação para a maior frequência de doenças no Inverno. Os ambientes fechados e mal ventilados, onde as pessoas se mantêm todas juntas podem ser focos infecciosos. A probabilidade de contágio aumenta, é certo, mas não tem nada a ver com o frio. Sem bactérias ou vírus não há infecção respiratória. Mesmo que se apanhe muito frio.

Não faz mal dar um bocadinho de chocolate ao bebé, coitadinho!
Errado! Se é certo que os avós sese dão ao luxo de ser mais permissivos do que os pais no que à alimentação dos netos diz respeito, também é verdade que devem respeitar algumas regras básicas. Uma delas é respeitar o plano de introdução dos alimentos sólidos, até porque abrir excepções, nestes casos, não significa mimar. O bebé não sabe o que é chocolate e não tem vantagem nenhuma em ficar a sabê-lo antes de completar um ano de vida. Pelo contrário, pode ter algumas complicações.
Devido ao elevado teor de gordura, o chocolate é de difícil digestão e provocar dores de barriga e distúrbios intestinais. Além disso, pode provocar alergia.
Mesmo depois de completar um ano, os bebés só muito raramente e em quantidades reduzidas devem ter contacto com o doce sabor do chocolate.


Fonte: IOL Mãe

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